terça-feira, 4 de janeiro de 2011

A crise Portuguesa para 2011, oportunidades e seus desafios.

Ano novo vida nova! Num ano definitivamente marcado pelas medidas de austeridade em Portugal, a pior solução é ficar parado a lamentar.

Em todas as grandes crises, surgem oportunidades, e cada empresa tem que se preparar para as agarrar quando elas surgirem. Claro que o primeiro desafio, com todo o aumento da carga fiscal, é conseguir manter-se de porta aberta.

Assim, entre toda a turbulência do momento, não queria deixar de partilhar 2 sinais de oportunidade:
   - redução dos encargos com segurança social para efectivos e gerentes;
   - redução da oferta em diversos sectores, e concentração da procura nos sobreviventes.

O primeiro, apesar das más notícias que o novo código contributivo trás, e não se sabendo ainda exactamente como será implementado, parece-me um bom sinal a redução prevista das contribuições para a segurança social pelos gerentes de sociedades e redução também das contribuições relativas a funcionários efectivos.

Claro que há os senãos do agravamento dos encargos com segurança social para os contratados a prazo e a criação de uma contribuição sobre recibos verdes que ainda ninguém percebe muito bem como vai funcionar, ambas compreensíveis, se os tribunais em Portugal funcionassem, e se colocar um processo de despedimento por justa causa fosse célere, barato e simples (o que infelizmente está longe de ser uma realidade neste nosso país...).

Mas considerando que muitas empresas tomam a decisão de contratar a título efectivo e investir no desenvolvimento dos seus colaboradores, acho mais que justo premiar quem mesmo neste enquadramento judicial adverso toma essa decisão.
Também, face ao actual preço que um empreendedor tem que pagar pelo seu insucesso em Portugal, em que para além de ficar empenhado ao estado, aos bancos, perder tudo o que tem, ainda por cima praticamente lhe é vedado o acesso a quaisquer tipos de benefícios sociais, mesmo que a sua real situação o enquadrasse como potencial beneficiário, acho que estando de facto o empreendedor apenas entregue a si mesmo, que é legítimo que contribua menos para a segurança social pelos seus rendimentos individuais. O meu objectivo, é que este caminho me permita investir mais num PPR, pois certamente não haverão as actuais reformas quando chegar a minha vez!

O segundo sinal, parecendo cruel, acaba por ser a constataçãod a lei de darwin: não são os maiores nem os mais fortes que sobrevivem, mas sim aqueles que melhor se adaptarem à mudança.

E nesse sentido, já começo a ver nas áreas em que actuo, diversos concorrentes directos e indirectos a tombar. Não desejo a infelicidade de ninguém, até porque não estou isento de passar sérias dificuldades em 2011. Mas este fenómeno tem como consequência para os sobreviventes 2 aspectos que na minha opinião representam óptimas oportunidades:
   - a concentração da procura nos fornecedores sobreviventes;
   - um aumento da percepção de risco por parte dos clientes, fundamentado no receio de que o seu fornecedor possa não estar cá amanhã.

Como capitalizar o primeiro é simples: estar "em frente aos olhos" dos clientes no momento em que eles ficarem sem o seu fornecedor habitual, pois esse será um momento previligiado para captar aqueles consumidores mais conservadores e fieis. Há no entanto que ter o cuidado de assegurar que temos todas as condições para lhes deixar uma excelente primeira impressão, pois se o fizermos, esses consumidores conservadores, por serem conservadores arrastam habitualmente grupos de outros consumidores consigo, o que poderá representar um novo impulso de receitas, que no mínimo ajudará a minimizar as perdas adicionais que se esperam em 2011 face à contracção adicional do consumo privado face a 2010.

Quanto ao segundo, já dá um pouco mais de trabalho. Mas uma coisa é certa: cada vez mais os consumidores serão cautelosos, e farão questão de experimentar antes de assumir maiores compromissos, bem como cada vez mais assumirão custos acrescidos no curto prazo como opção para evitar compromissos de longo prazo.

Neste último caso, tomei recentemente conhecimento de uma situação em que um consumidor, perante uma compra potencial de 5.000 Euros, quando lhe foi oferecido 10% de desconto caso optasse por antecipar o pagamento total, preferiu abdicar desses 500 Euros, como contrapartida de manter sob seu controle o fluxo de pagamentos, e sobretudo ter a oportunidade de experimentar e facilmente desistir caso algo não lhe agrade.

Claro que estas situações colocam ainda mais pressão sobre as equipas, sobretudo aquelas que actuam no sector dos serviços de consumo de elevado valor acrescentado. Mas, daí, a oportunidade.

Quem vencer este desafio de qualidade nestes tempos adversos, certamente apanhará uma maior quota de mercado assim que se virem alguns sinais de melhora.

Mas que isto não faça ninguém perder o foco em 2011. Espera-se um ano catastrófico para a generalidade das áreas de consumo, sobretudo nos segmentos médio e médio-baixo. Portanto, reduzir custos agressivamente, e potenciar receitas em todas as oportunidades possíveis. E assim, sobreviver o suficiente para estar no sitio certo, na hora certa, quando as oportunidades aparecerem.

Abraço do Angatu!

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