É isto mesmo!
Se lerem o meu post anterior (Focar no que podemos controlar), comentarão muitos ao ler a introdução desse artigo, que realmente a maioria dos pequenos e micro-empresários Portugueses estão numa situação muito difícil.
É que a realidade das pequenas e micro-empresas, é de empresas com uma estrutura de capitais frágil, que necessitou de se endividar fortemente na banca para conseguir abrir, o que no contexto actual, representa uma pressão extrema sobre o negócio.
Neste momento, um investidor com uma forte base de capitais próprios, encontrará em Portugal dezenas de pequenos empresários dispostos a vender as suas empresas a preço de saldo, pois estão numa situação de liquidez crítica, e o sistema financeiro simplesmente não tem condições para assumir mais risco.
Têm negócios com EBITA positivo, mas sobretudo nos casos de empresas com poucos anos de vida, ainda estão a amortizar o investimento (na maioria dos casos financiado entre 5 a 7 anos), o que na situação actual é sufocante, e leva muitos deles, para não falhar as obrigações bancárias, a falhar com fornecedores, ou a reduzir custos essenciais para as suas empresas, levando-as à ruptura por excesso de desinvestimento.
São negócios que num contexto de estabilização poderão apresentar rentabilidades muito interessantes, e cuja principal fragilidade é o acesso ao capital. Pelo que esta oportunidade de saldos de bons negócios está também limitada à janela entre o momento actual, e o momento em que conseguirem liquidar as suas dívidas derivadas do investimento inicial.
Assim, podemos dizer que Portugal está em saldos!
O preço de uma falência para um micro-empresário em Portugal é muito caro, pois apesar da legislação comercial que limita o risco financeiro ao capital social da empresa, dificilmente se realizam transacções de vulto (sobretudo com bancos e estado, mas também com alguns fornecedores), sem que se imponha como condição que os sócios da empresa entrem como avalistas. O que significa, numa situação de ruptura, o pequeno empresário ser liminarmente condenado à miséria, pois não tem direito a qualquer apoio social, perde todos os seus bens, não pode ter empréstimos bancários por 5 anos após o encerramento do processo de falência periodo ao longo do qual verá ainda penhorado até um terço dos seus rendimentos para pagamento das dividas.
Não é portanto de se estranhar, que aqueles que perante a situação explosiva em que Portugal se encontra se vêm hoje no limite, e olham para o futuro com o receio de dias ainda piores, estejam quase dispostos a doar as cotas das suas sociedades para salvarem os seus tectos!
A grande oportunidade é para quem quiser aproveitar este momento para fazer grandes consolidações em segmentos do mercado muito fragmentados, conseguindo posicionar-se como líder à escala nacional a um custo minimizado.
O grande desafio, é conhecer bem os fundamentais do negócio em que se pretende investir, para que a avaliação da contabilidade da empresa alvo de compra seja feita de forma correcta, e minimizando os riscos para o investidor. Isto é ainda mais importante para investidores estrangeiros!
Sim, sei de diversos sectores em que se formaram grupos de investimento com parceiros Portugueses e capitais estrangeiros, e que hoje procuram em Portugal compras de saldo para a criação de um grupo empresarial, consolidando o sector em causa.
É pena que em Portugal o espírito associativo seja tão pobre, em que os pequenos empresários preferem falir a partilhar o poder e a decisão com alguém. Senão, poderia ser este o caminho alternativo! Quem já opera no mercado nacional, associar-se aos seus concorrentes indirectos (no consumo, em negócios de loja de bairro, o concorrente a 20km de distancia não concorre directamente pelos mesmos clientes, pelo que se poderiam associar). Aqui tornam-se fundamentais boas práticas de "corporate governance" que infelizmente também não abundam em Portugal.
Há também a assinalar um grupo reduzido de empresas que conheço, que têm aproveitado esta oportunidade para reorganizar as suas empresas, espremendo-lhes todos os custos supérfluos, e preparando-as para o momento em que chegar o novo ciclo de crescimento. Pena mis uma vez, que no contexto das micro e pequenas empresas, e sobretudo nos sectores ligados ao consumo (serviços e produtos), estas sejam uma minoria.
Em resumo e conclusão, como em todas as situações extremas, as dificuldades são muitas, mas elas também criam muitas oportunidades. Este é um momento que transforma mercados, e quem estiver atento, e conseguir mobilizar a capacidade financeira para isso, poderá fazer excelentes negócios em Portugal!
Também, será um momento decisivo para por à prova as reais competências de gestão dos responsáveis pelas empresas. Num contexto destes, purga-se também o trigo do joio, e valida-se quem efectivamente tem uma prática de gestão sustentável.
Afinal o país não vai desaparecer do mapa! Vai passar por um processo de ajuste de nível de vida violento que poderá levar anos, o que irá baixar o nível médio de vida da maioria dos Portugueses, mas as pessoas vão continuar a viver.
Face ao enorme número de leitores estrangeiros que este blog já mobiliza, deixo-vos uma referência de uma empresa que sei estar a fazer um bom trabalho no auxílio a investidores estrangeiros que procuram oportunidades em Portugal para compra de micro e pequenas empresas. Visitem http://www.pmeconsulting.biz/ e peçam uma primeira avaliação.
Abraço a todos,
Angatu!
Ter o próprio negócio é cada vez mais uma opção para aqueles que não conseguem encontrar opções satisfatórias no mercado de trabalho. Face à inexperiência, muitos começam por procurar oportunidades em franchising. Neste blog partilho a minha experiência enquanto franchisado, franchisador e observador atento das redes de franchising em Portugal, em contraponto com a minha experiência enquanto profissional em multinacionais de referência.
segunda-feira, 28 de março de 2011
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