sexta-feira, 5 de novembro de 2010

Obrigações do trabalhador

Já por mais de uma vez me vi numa situação, de ter um trabalhador de uma das minhas empresas com maus desempenho ou comportamento, porque "não gostava do modo como lhe falávam" ou "não concordava com as regras de funcionamento da empresa".

Muitas vezes, os gestores e proprietários de pequenas empresas, sobretudo aqueles mais sensíveis à importancia de desenvolver e reter o capital humano, vêm-se no stress de não saber como lidar com estas situações, porque querem manter os trabalhadores motivados e satisfeitos.

No entanto, há que lembrar que a satisfação dos trabalhadores só pode ser um objectivo, se na relação trabalhador-empregador estiverem cumpridos os mínimos exigíveis na relação laboral. E em meu entendimento esses mínimos são:
  - o colaborador demonstrar destreza nas competências técnicas necessárias a um adequado desempenho da função;
  - o colaborador desempenhar regularmente na sua função, cumprindo os objectivos da empresa;
  - se o colaborador demonstrar respeito pelas regras da empresa e pela sua hierarquia;
  - se o colaborador demonstrar um padrão de conduta adequado à sua função, e em alinhamento com os valores base da empresa.

Infelizmente, muitos trabalhadores em portugal pensam que as suas obrigações se resumem a dar as horas definidas à empresa, e ir fazendo "mais ou menos" aquilo que lhe pedem.

Ou seja, em oposto, se eu tiver uma pessoa que demonstra uma boa atitude perante o ambiente de trabalho, e desempenha a sua função com sucesso, eu vou mais é querer manter a pessoa ao meu serviço, pois a empresa precisa de pessoas para funcionar. Aí então, há que trabalhar nos restantes aspectos da motivação do trabalhador, procurando responder aos anseios específicos e ancoras de motivação de cada um.

Não se pode querer pôr prioridade na motivação de alguém que não cumpre os mínimos para estar na empresa. Ou seja, a pessoa tem que querer estar na empresa, tem que ter competência para a função e tem que merecer estar na empresa.

Começar logo com muitos miminhos, muita flexibilidade, muitos agrados com colaboradores, sem que eles tenham primeiro demonstrado suficientemente e de forma sustentada ao longo de um período razoável as suas competências técnicas e comportamentais, pode fazer deixar passar de uma avaliação que deve ser objectiva e rigorosa um colaborador cuja a atitude é negativa e prejudicial ao desempenho global do grupo em que está inserido.

Assim, motivar os trabalhadores, é algo que vai mais além das obrigações básicas de uma relação laboral, na qual se paga pelo desempenho de uma função. Razão pelo que só faz sentido ir mais além, na medida em que também o colaborador esteja disponível e interessado em ir mais além na empresa, lutando pelo colectivo e pelo sucesso, fazendo ele próprio também parte desse sucesso.

Portanto, quando logo de início temos um colaborador com muitas questões e condições, e gosto disto mas não gosto daquilo, só faço de me falarem como eu gosto, e me deixarem fazer as coisas à minha maneira... estamos perante sinais evidentes de que se tivermos que passar por momentos difíceis na empresa, provavelmente não poderemos contar com esta pessoa, pois à primeira repreensão, à primeira adversidade, teremos um revoltado a boicotar o sucesso do grupo.

Os sinais vêm-se logo nos primeiros dias, e a minha máxima é: cabe a cada um escolher a sua atitude, e cabe-me a mim escolher que atitude quero na minha empresa.

No meu caso escolhi: quero pessoas com atitude positiva, que olhem para as questões como oportunidades, e que não passem os dias sempre a olhar com desconfiança para tudo, numa postura de que o mundo se uniu para o tramar, enfim... de que para ele o copo estará sempre meio vazio. Nunca estará bem, nunca terá um desempenho excelente, e desfocará o seu gestor da fotografia global provocando deste modo um desempenho sub-optimo da sua organização.

Termino com uma frase que ouvi a um conhecido treinador de futebol, quando lhe perguntaram porque retirou da equipa um certo jogador considerado por muitos como uma estrela.

Dizia ele: "eu prefiro um céu estrelado, a uma estrela muito brilhante. Sobretudo porque normalmente as estrelas mais brilhantes, são as estrelas cadentes". Não sendo estas as palavras exactas, era este o significado, e o seu autor Luíz Felipe Scolari.

Portanto advogo, que do lado do empregador numa fase inicial tem que haver clareza e um comportamento recto, e assim passar para o colaborador a escolha livre de que atitude quer ter. Perante a escolha do colaborador de ter uma má atitude, há que dar feedback objectivo rapidamente no sentido de realinhar a atitude e o comportamento do colaborador. Se perante esta chamada de atenção, a opção do colaborador for por acentuar um comportamento negativo, então provavelmente ele não tem espaço naquele grupo de trabalho.

Sugiro a leitura do post Confiança, e o sucesso empresarial, para uma melhor avaliação e alinhamento sobre o que é um comportamento correcto do gestor.

Abraço a todos!

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