Este é um tema que me vem interessando já à bastante tempo.
E neste momento mais que nunca, até porque sou proprietário de várias!
A vóz popular diz que a 1ª geração cria, a 2ª aperfeiçoa e a 3ª arruína.
Será que é mesmo assim?
Lia eu à algum tempo atrás sobre isto, e observando casos concretos em Portugal, verifiquei que nem sempre é assim.
Então onde está a diferença? Ouvi de um empresário, lider de um grupo empresarial que tem vindo a manter-se para além de várias gerações com bastante sucesso: numa empresa familiar, o mais importante é a família saber o seu lugar, e isto também implica saber qual o momento de se retirar da gestão operacional da empresa.
Desenvolvendo, dizia ele: ser empreendedor e criar um novo negócio exige competências radicalmente diferentes das exigidas para manter e optimizar uma empresa, para descobrir novos mercados e reinventar o negócio quando ele começa a atingir a saturação. É fundamental que um empreendedor saiba as suas principais áreas de competência... e também as de incompetência. E com estas últimas tenha a inteligencia de contratar pessoas que sejam boas naquilo em que ele é incompetente.
Sim, incompetente! Toda a gente é incompetente em alguma coisa! Já o dizia Peter Drucker no seu artigo da HBR em Junho de 2004 (What Makes an Effective Executive). Embora muitos tenham imensa dificuldade em reconhecer... (ex: pegunta em entrevista de recrutamento - quais considera ser as suas principais debilidades? Toda a gente responde: sou teimoso - e que rapidamente associam à persistencia....) Se não sabem em que é que são incompetentes, como é que saberão que equipa recrutar???
E aqui chegamos à família. As principais razões apontadas em alguns estudos, sobre o fracasso dos projectos empresariais familiares apontam para 2 aspectos: o empreendedor não reconhecer as suas áreas de fragilidade e como consequência não as delegar em pessoas com o perfil adequado; e permitir-se a entrada da familia na empresa apeans porque é família, sem que sejam validadas as suas competências e pertinência para o negócio.
Neste último aspecto da integração de familiares na empresa dizia também o tal empresário: o actual ambiente competitivo exige a criação de uma cultura de mérito! E ela não pode ser posta em causa, sobretudo pelos responsáveis máximos da empresa. Alguém da família, a entrar para a empresa tem que ser apenas porque é a pessoa mais qualificada para uma determinada função que de facto a empresa precisa nesse momento. E por ser da família, para que não haja qualquer dúvida relativamente à cultura de mérito, tem que provar o dobro de um qualquer candidato desconhecido! Também, a remuneração da família enquanto funcionários da empresa, tem que estar com o que seria os pagamentos no mercado para uma função identica. Não podem ser previligados em benefícios apenas por serem família. Os direitos que têm enquanto família, são apenas de partilha nos lucros (quando os houver). E se revelarem um mau desempenho, têm que sair de cena rapidamente! Tais acções enviarão mensagens claras para toda a organização sobre o que é e não é aceite na empresa, pois se até o familiar do dono é sujeito ao crivo da avaliação dos resultados...
Dizem inclusive alguns autores, que em alguns casos de manifesto sucesso, foram aprovados estatutos que definem as regras de integração de membros da familia na empresa para salvaguardar o principio do mérito, e da equidade de benefícios face a funções similiares. Aspecto inclusive que dá transparencia às contas da empresa, e cria condições mais favoráveis à entrada de investidores ou parceiros estratégicos que sejam externos à família.
Daqui já me sinto tentado para falar sobre as boas práticas de governo empresarial em Portugal, mas isso daria mais umas páginas de texto, e que acho merecer um post apenas para si.
Por isso termino perguntando:
- quandos pequenos empresários, ou novos empreendedores em Portugal, fazem tamanha separação entre a vida da sua empresa e a vida pessoal ou familiar?
- quantas vezes ouvimos histórias de falências em Portugal de empresas devido a falta de liquidez, quando até apresentavam resultados operacionais positivos? Em muitos casos porque o "patrão" decidiu comprar um "Ferrari" independentemente da empresa ter ou não capacidade para tal, delapidando a liquidez da empresa?
Mas pergunto também:
- qual é o nível médio de formação dos actuais pequenos empresários e empreendedores?
- qual a formação (e a existir alguma, qual a qualidade) que em Portugal aborda os temas específicos da gestão de empresas familiares?
E faço estas perguntas pois infelizmente a maior parte destas coisas não as aprendi com escolas ou autores Portuguêses. E também não as li apenas em revistas americanas! Curiosamente algumas das forntes de informação que mais me surpreenderam sobre este assunto vieram de países como a Espanha, Irlanda e Índia.
Aguardo os vossos comentários!
Ter o próprio negócio é cada vez mais uma opção para aqueles que não conseguem encontrar opções satisfatórias no mercado de trabalho. Face à inexperiência, muitos começam por procurar oportunidades em franchising. Neste blog partilho a minha experiência enquanto franchisado, franchisador e observador atento das redes de franchising em Portugal, em contraponto com a minha experiência enquanto profissional em multinacionais de referência.
terça-feira, 5 de janeiro de 2010
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